segunda-feira, 14 de maio de 2012

O que se requer é uma coragem equilibrada

"Pois para que o pensamento, a subjetividade, adquira sua plenitude e verdade, é preciso que se deixe nutrir, precisa mergulhar na profundidade da vida substancial, abrigar-se ali, em parte com angústia, em parte com simpatia, em parte recuando, em parte se entregando, é preciso que se deixe tragar pelas ondas do mar substancial, assim como no instante do entusiasmo o sujeito quase se perde diante de si, mergulha e afunda naquilo que o entusiasma, e contudo sente um suave arrepio, porque se trata da sua vida. Há que ter coragem, pois todo aquele que quiser salvar a sua alma perdê-la-á. Mas não é a coragem do desespero; pois como Tauler diz, de maneira tão bela, a propósito de uma situação muito mais concreta: 'Pois este perder, este desaparecer, é justamente o verdadeiro encontrar'."

Soren Kierkegaard
(Em "O conceito de Ironia", Álvaro Luiz Montenegro Valls (trad.), Editora Vozes, Petrópolis 1991, pg 237)