sábado, 8 de janeiro de 2011

Sociedade doente

"Nietzche enfatizou, como se sabe, a grande individualidade; fascinou-se mais do que devia, mais do que a flolofia e a história consentiam. E, porém, quando o lermos, aquilo que devemos levar a sério, considerar com atenção, não é tanto aquilo que ele admirava, mas aquilo que previa e temia: a crescente mediocridade. Hoje não existem mais homens sem nome. Todos os temos, mas somos elementos de uma série, numerados, previstos, agendados, e demarcados. Basta abrir a carteira para entender: deixamos por tudo as traças de nós mesmos, cada vida é etiquetada. Temos muitas identidades: a fiscal, a econômica (cartão de crédito); e as identidades de consumidores: cartões de supermercados, de promoções, descontos, viagens, prêmios e assim por diante. Tudo isso recebe o nome de eficiência, e efetivamente, de um certo ponto-de-vista, funciona. Mas onde foi parar a conciência? Com esta palavra entendo aqui o conhecimento de si e de seu valor superior com relação à funcionalidade social. Mas na sociedade atual, isto é considerado maluquice. A luz da consciência brilha paradoxalmente em seu escuro. A maluquice da patologia transforma-se em sintoma e faz surgir a pergunta: mas e se doente fosse a sociedade? Quem seriam, então, os sãos?"

Salvatore Natoli
(Traduzido livremente de "Il Buon uso del Mondo", Mondatori 2010, pg 44)