segunda-feira, 16 de abril de 2012

Na arte, más aulas, melhor não tê-las.

"Parece-me que muitas aulas de literatura acabam mal porque os professores, não intencionalmente ou até mesmo intencionalmente, dão a impressão de que os escritores são como idiotas sofrendo da síndrome de savant: eles realmente querem dizer coisas abstratas, teóricas, filosóficas, mas por algum motivo não são capazes de fazê-lo. Então eles criam estes objetos dos quais o significado último, a relevância e o valor vêm somente depois de serem submetidos à análise literária dos críticos, que então traduzem aquele trabalho em termos filosóficos, teóricos. E este é de algum modo a utilidade final, o propósito, o significado da obra. Em quantas aulas de literatura vocês ouviram a pergunta "O que esta obra significa?". Como se a mera leitura da obra não tivesse em si nenhum significado! Ou, pior ainda, "O que o autor está tentando dizer?" Tentando... Vocês presenciaram estas atitudes, não? Bem, isto é papo furado! Absolutamente, um "nonsense"! Na presença de tais atitudes, sua habilidade de ler uma obra literária está de fato sendo destruída. Eu suspeito que a razão do cinema ser hoje em dia a forma de arte mais popular na nossa cultura é que tão poucas pessoas tiveram aulas de cinema. Por isso eles ainda são capazes de ter uma resposta estética à projeção de um filme."

Robert Olen Butler
(Traduzido livremente de "From where you dream", e-book formato EPUB, posição 163)