terça-feira, 5 de junho de 2012

Por onde se deve começar (quando se quer mudar o mundo)

"O desvio cultural que reforça o individualismo em detrimento da sociedade e promove a inovação às custas da tradição é uma distorça do que significa ser humano. Este desvio serve - e é servido por - a busca do crescimento [econômico]. Mas aqueles que esperam que o crescimento leve à utopia materialística estão destinados à frustração. Nosso mundo simplesmente não tem a capacidade ecológica para atingirmos esse sonho. No final do século, nossos filhos e netos irão encarar a face hostil do clima, recursos esgotados, a destruição do ambiente, a dizimação das espécies, escassez de comida, migração em massa e, quase inevitavelmente, a guerra. Nossa única chance é lutar por mudança. Transformar as estruturas e instituições que moldam a sociedade. Articular uma visão mais credível de uma prosperidade duradoura. 

As dimensões desta tarefa são ambas pessoais e sociais. E o potencial para a ação pessoal - ou comunitária - é claro. A mudança pode ser expressa no modo como vivemos, nas coisas que compramos, em como viajamos, em onde investimos nosso dinheiro, em como gastamos nosso tempo de lazer. Ela pode ser atingida através do nosso trabalho. Pode ser influenciada pelo modo como votamos e pela pressão democrática que exercemos em nossos líderes. Pode ser expressa através do ativismo e do engajamento comunitário. E em como travamos a busca de uma frugalidade individual, de uma simplicidade voluntária."

Tim Jackson
(Traduzido livremente de "Prosperity Without Growth", Earthscan 2009, pg 203)