sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Metafísica e Arte

"Um argumento metafísico é caracteristicamente inconclusivo e envolve um apelo à experiência que é parcialmente um uso da arte (Metafísica como um tipo de mágica: Wittgenstein). O artista nos faz ver o que é, de um modo manifesto e edificante, aberto à discussão, nos faz ver lá, o real, aquilo antes não visto, e o metafísico também faz isso. Arte e filosofia avivam o conceito da realidade. É um lugar onde a palavra "ser" também é usada, mas eu prefiro evitá-la. A linguagem da ontologia pode separar o argumento metafísico da experiência ordinária, passiva de ser testada, justamente no ponto onde é mais importante a união com tal experiência. O jargão remove-nos da nossa experiência de mundo. A linguagem sofisticada da arte não é jargão. Claro que grandes filósofos geram termos técnicos, mas eles também os oferecem como explicações e justificações do que é provado, experimentado. Na minha visão, a propagação de termos técnicos deveria ser deixada aos gênios. Talvez os operários da filosofia deveriam aspirar o status de críticos de arte. E de fato, se refletirmos bem , não há tantos termos técnicos essenciais na filosofia."

Iris Murdoch
(Traduzido livremente de "Metaphysics as a Guide to Morals", Penguin 1992, pg 433)