quarta-feira, 18 de julho de 2012

Ex-covardes: uni-vos!

"Nelson Rodrigues definiu-se um dia como um ex-covarde. Dizia o sábio Nelson que houve tempos em que também ele seguia a cartilha do medo: o medo que começa nos lares, passa para a Igreja, contamina as universidades e desagua na cultura popular. O medo que os pais sentem dos filhos. O medo dos professores perante os alunos. O medo dos artistas em geral, que preferem obras nulas ou sentimentais - e não a "contemplação carinhosa da angústia", para usar uma expressão da escritora Agustina Bessa-Luís. É esse medo de enfrentar a verdade, por mais difícil e insuportável que seja, que faz com que os homens deixem de ser "indivíduos", no sentido mais nobre da palavra. Para o covarde moderno, melhor diluir a individualidade na estupidez confortável das massas."

João Pereira Coutinho
(Em sua coluna desta segunda-feira no Estadão)