terça-feira, 12 de julho de 2011

Da impossibilidade do Reducionismo

"O que Gödel mostrou-nos, por assim dizer, é que não podemos formalizar completamente nossa própria capacidade matemática porque é parte de tal capacidade que ela possa ir além de qualquer sistema por ela formalizado. Do mesmo modo, minha extensão da técnica Gödeliana à lógica indutiva mostrou que é parte da noção de justificação em geral (não só da noção de justificação matemática) que a razão possa ir além do que ela própria pode formalizar. (...) O que estes argumentos sugerem é que, assim como nenhum sistema formal da matemática pode definir o que seja uma prova matemática, e nenhum sistema formal da lógica indutiva pode definir o que seja entendido por "confirmação", também nenhum programa para interpretação da linguagem natural pode definir quando expressões são sinônimas ou até mesmo coreferenciais. Uma caracterização computacional completa de "prova", "confirmação", "sinonímia" e assim por diante, sempre será uma impossibilidade. (...) Verdade e referência são intimamente conectadas com noções epistêmicas; a textura aberta da noção de um objeto, a textura aberta da noção de referência, a textura aberta da noção de significado, e a textura aberta da própria razão estão todas inter-conectadas. É destas interconexões que um trabalho filosófico sério sobre tais noções deveria proceder."

Hilary Putnam
(Traduzido livremente de "Representation and Reality", MIT Press 2001, pgs 118-120)