terça-feira, 25 de outubro de 2011

Reductio ad 'ridiculum'

"Em 'The Modularity of Mind' Jerry Fodor chama os 'outputs' dos assim supostos 'módulos da percepção' de aparências. Assume portanto que quando uma dessas rotinas de reconhecimento de padrões produz um 'output' o evento é, ipso facto, um evento consciente. Mas isto é difícil de engolir. Se, por exemplo, dizemos que os módulos de experiência visual estão no córtex visual, onde por hipótese eles se encontram, então esquecemos que o córtex visual pode ser dissociado de outras áreas, como o módulo da linguagem. Diríamos então que nestes casos há um 'sense data' visual do qual não se é consciente? E o que aconteceria se nossa tecnologia avançasse ao ponto de podermos remover do cérebro o módulo envolvido na recognição visual de, digamos, cadeiras e mantê-lo vivo e funcionando em um recipiente? Diríamos então que há "aparências de cadeira" sem ninguém a experimentar tais aparências? Se "sense data" ou aparências podem ser produzidas em um número pequeno de neurônios, por que não falar então das aparências do termostato? This way madness lies!"

Hilary Putnam
(Traduzido livremente de "The threefold cord: mind body and world", Columbia Univ. Press 1999, pg 30-31)