sexta-feira, 1 de abril de 2011

Não explique, viva

"Os mundos novos têm de ser vividos, mais do que explicados. Aqueles que aqui vivem não o fazem por convicção intelectual; acreditam, simplesmente, que a vida suportável é esta e não a outra. Preferem este presente ao presente dos fazedores do Apocalipse. O que se esforça para compreender muito, o que sofre as aflições de uma conversão, o que pode alimentar uma ideia de renúncia ao abraçar os costumes daqueles que forjam seus destinos sobre este pântano original, em luta travada com as montanhas e as árvores, é homem vulnerável porque certas potências do mundo que deixou para trás continuam atuando sobre ele."

Alejo Carpentier
("Passos Perdidos", trad. Marcelo Tápia, Martins Fontes 2009, pg 296)